Dilma Rousseff, a primeira mulher a assumir a Presidência da República teve seu mandato cassado por 61 votos a favor e 20 contra no Senado nesta quarta-feira, 31 de agosto. A decisão ocorreu, 273 dias depois que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) autorizou a abertura de um processo de impeachment contra ela.
Em um processo supervisionado pelo Supremo Tribunal Federal, cujo julgamento foi presidido pelo presidente da corte, Ricardo Lewandowski, a maioria dos senadores decidiu que a Dilma cometeu um crime de responsabilidade ao autorizar as chamadas “pedaladas fiscais” — uso de dinheiro de bancos públicos para melhorar momentaneamente as contas do governo.
Foram quase nove meses de grandes articulações, conspirações, negociações, embates públicos, recursos a entidades internacionais e bate-bocas sem precedentes, mas com efeito político nulo. Fragilizada no Congresso por manter por anos uma relação de distanciamento com sua base, Dilma termina o processo de impeachment com uma sentença de completo isolamento político.
Contrariando o comportamento que adotou enquanto esteve no poder, Dilma fez um último esforço e se entregou à política. Desde que o processo chegou ao Senado, recebeu mais de 15 senadores que poderiam mudar de ideia e ajudá-la a garantir seu mandato. Mesmo seus auxiliares destacavam que era mais atenção do que dispensara a eles durante os últimos cinco anos. Na segunda-feira, dia 29, subiu à tribuna do plenário para fazer pessoalmente sua defesa. Discursou, recebeu afagos de aliados e respondeu a perguntas pouco profundas de seus opositores, em uma sessão que durou mais de 14 horas. “Estou exausta. Estou na fase final do cansaço”, disse na saída do Senado, tarde da noite, antes de entrar no carro em um de seus últimos trajetos ao Palácio da Alvorada antes de perder o mandato.
Com informações da Revista Época