O coronel Walber Pestana – que confessou ter assassinado o DJ e empresário Davi Bugarin – vai responder por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Ele é coronel reformado da Polícia Militar e teria matado Davi para defender a filha, Ingrid Raiane Silva, que estaria sendo agredida. Essa versão é contestada pela advogada da família da vítima.
De acordo com a polícia, ainda faltam dez dias para concluir o inquérito do caso, sendo que ainda faltam os laudos da perícia técnica no local e das imagens de câmeras que mostram a movimentação ao redor da cena do crime.
“Desde o início o caso é e será tratado como homicídio doloso, até o final do inquérito policial. Em relação ao culposo, que seria totalmente inversa do que aconteceu, no homicídio doloso a pena é bem maior”, contou o delegado responsável pelo caso, Lúcio Reis.
Segundo a polícia, Pestana não foi preso e vai responder o processo em liberdade porque ele se apresentou voluntariamente e colaborou com as investigações. No entanto, para o delegado Lúcio Reis, o coronel pode ser chamado novamente para prestar depoimento na delegacia de homicídios.
“Possivelmente a gente pode reinquirir o coronel Walber com base no resultado dos laudos que saíram recentemente. Só ficaram alguns pontos a esclarecer, como divergência no número de disparos que ele (coronel) alegou que deu três, quando na verdade a perícia só encontrou um disparo no corpo da vítima e um na parede, por ora. Vamos aguardar os outros laudos para poder chamá-lo para reinquirição”, afirmou o delegado.
A advogada da família de Davi Bugarin tem questionado a razão pelo qual o atirador não fez exame de corpo de delito e por que não foi encontrada a faca que teria sido usada por Davi para ameaçar o coronel. O delegado Lúcio Reis confirma que a faca não foi encontrada e disse que não houve necessidade do exame.
“A questão do corpo de delito dele, ele declarou que embora tenha recebido dois empurrões do Davi e que não ficou marca. Quando ele foi instado a fazer exame, ele disse que não teria necessidade porque não teria essas marcas e não foi feito por esse motivo. Sobre a faca, o coronel fala que ele teria usado duas, três vezes… em direção ao coronel. Uma faca de cozinha que na verdade os peritos e delegados de polícia de plantão não encontraram no local. Então não foi recolhido este material como prova de delito”, afirmou o delegado.
Além disso, também é questionado o porquê de não terem sido encontradas marcas no corpo de Davi de uma possível luta corporal ou pela força que ele teria feito para arrombar duas portas da casa.
“No laudo deve vir essa questão do arrombamento. Há questionamentos de que o Davi não teria apresentado lesões, mas isso é uma questão que será discutida no inquérito… se é possível ou não uma pessoa arrombar duas portas e ficar ou não lesionado”, declarou Lúcio Reis.
Entenda o caso
O tenente-coronel reformado da Polícia Militar Walber Pestana da Silva confessou ter atirado no namorado de sua filha reconhecido como Davi Sousa Bugarim de Melo na noite do noite do dia 15 de fevereiro, em São Luís. Davi era músico e proprietário de uma casa de shows situada no Centro histórico da capital.
Segundo informações da polícia, o crime aconteceu no bairro Parque dos Nobres após o militar presenciar uma briga entre o casal e ver a vítima agredindo a sua filha. Inconformado com a situação, o tenente-coronel decidiu pegar a sua arma de fogo e disparar dois tiros contra Davi.
Davi Sousa Bugarim de Melo, que tinha 26 anos, ainda chegou a ser socorrido, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos e morreu no Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão 1), na capital. Após o crime, o militar fugiu do local.
De acordo com o laudo cadavérico realizado em Davi, havia apenas uma perfuração no corpo do músico. A bala – disparada a distância de, no mínimo, um metro – atingiu a costela e atravessou o tórax.
O outro tiro atingiu a parede da casa onde eles estavam. O resultado do corpo de delito feito pela filha do coronel e namorada de Davi na época, Ingrid Raiane Silva, apontou marcas pelo corpo e um corte na cabeça causado por um instrumento cortante. Segundo o delegado, os laudos periciais colaboram com os depoimentos do coronel e da filha dele.
As informações são do G1/MA