O presidente de honra e verdadeiro proprietário do Partido da República (PP), ex-deputado Valdemar Costa Neto até 2015 cumpria prisão domiciliar com uso de tornozeleiras, pontuou mais uma das típicas manobras no balcão de negócios em troca de oferta de apoio político no Congresso.
Perdoado em suas penas pelo STF em 2015, Valdemar entrega-se à expansão de seus interesses negociais dentro do governo. Já havia abocanhado áreas na Infraero – os aeroportos de Congonhas e da Pampulha – e agora abiscoita áreas portuárias, no Maranhão.
Tudo aconteceu na nomeação de uma liquidante na Companhia Docas do Maranhão (Codemar), que está em processo de liquidação. Ocorre que a nomeação do liquidante de uma empresa pública terá que ser pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Deverá ser servidor efetivo ou aposentado da Administração Pública Federal direta, autárquica ou fundacional, indicado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
Mas, para a liquidação da Companhia Docas do Maranhão o decreto 9.2O5, de 10/1/2018, inovou: o interventor foi nomeado pelo Ministério dos Transportes, controlado por Costa Neto, há mais de das décadas.
E mais: a liquidante nomeada, Karina Fonseca Lima, teve seu nome aprovado em Assembleia Geral Extraordinária de Acionistas, realizada no dia 24 de Janeiro de 2018, na qual foi ratificado pela Comissão de Elegibilidade da Codomar, na qual sua irmã Karolina Fonseca Lima, chefe da Auditoria Interna da Companhia Docas do Maranhão, é integrante. Tudo em casa.
O ministro Carlos Marun, ciente do desgaste jurídico e do custo de moralidade pública que a nomeação gerou, mandou mudar a liquidante, mas esbarrou na sólida resistência do Ministério dos Transportes. Ficou tudo como estava.
Mais grave foi o fato de que o ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil, ao tomar conhecimento, encaminhou parecer à Jurídica em vez de determinar a troca do nome do liquidante.
Política é força, e Valdemar Costa Neto sabe usar a sua dentro do governo.
Cartapolis