Ellen Nascimento

Blog Jornalístico

Em último debate, Dilma e Aécio trocam farpas sobre corrupção e respondem perguntas de indecisos

 Os dois candidatos à presidência do Brasil, que se enfrentam no segundo turno neste domingo (26), protagonizaram o último debate da corrida eleitoral, promovido pela Rede Globo nesta  sexta-feira (25). Durante cerca de duas horas, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) discutiram sobre corrupção, inflação, desemprego e a situação atual do Brasil. Diferentemente dos  debates anteriores, este contou com a participação de eleitores indecisos que fizeram perguntas aos candidatos. Apesar da troca de farpas, o debate foi mais propositivo e menos acusatório  do que haviam sido os anteriores durante a campanha do segundo turno.

O tucano abriu o debate com  pergunta a Dilma a respeito das denúncias da veja: “A senhora sabia?. Na reposta, Dilma afirmou que a Veja faz oposição sistemática a ela e ao PT e fez  “calúnia e difamação” com a reportagem publicada esta semana. “E o senhor endossa na sua pergunta (…) A revista “Veja” não apresenta uma prova”, disse a petista, que afirmou que a  publicação tentar dar um “golpe eleitoral”.

Na réplica, Aécio disse que Dilma deveria se explicar, e não desqualificar a revista. “Não acredito que a acusação a revista seja a melhor resposta. A delação premiada só traz ao réu benefício se tiver prova”.

No decorrer do bloco, Dilma mirou a gestão FHC, que, segundo ela, “deixou nas costas do povo as crises ocorridas nos oito anos de mandato, com arrocho salarial e desemprego”. Em resposta, Aécio disse que, desde o Plano Real (1994), Dilma será a primeira presidente que terminará o mandato com a inflação maior do que recebeu.

“Eu acho que o senhor esta mal informado, porque quem deixou o país com uma inflação maior do que recebeu foi o governo do tucano, do Fernando Henrique”, respondeu a petista.

Candidatos falam a indecisos

 

 

 

 

 

 

 

No segundo bloco, Dilma e Aécio responderam perguntas de eleitores que se declararam indecisos. Eles foram selecionados pelo Ibope, a pedido da Globo, e acompanharam o debate no estúdio. Os temas abordados por eles foram a alta dos aluguéis, educação, corrupção e previdência.

O principal confronto ocorreu quando uma eleitora de Vespasiano (Minas Gerais) questionou os candidatos sobre o combate a corrupção. A petista afirmou que a “lei é branda”, listou medidas que ela propõe para endurecer punição a corruptos e disse que, em seu governo, a “Polícia Federal investiga”.

Aécio retrucou, dizendo que a maior medida contra corrupção dele é “tirar o PT do governo”. Na resposta ao adversário, Dilma disse que Aécio representa um governo [Fernando Henrique Cardoso] cuja “prática era engavetar todas as investigações.”

Os dois candidatos também trocaram farpas quando uma eleitora de Curitiba perguntou sobre os planos dos concorrentes para a questão previdenciária. Aécio prometeu acabar com o fator previdenciário, medida que achata e posterga as aposentadorias. Dilma retrucou, dizendo que o fator foi criado na gestão FHC. Na resposta, o tucano disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou o fim do fator previdenciário.

Falta de água e mensalão

A falta de água em São Paulo e a corrupção foram os temas que dominaram o terceiro bloco. Dilma questionou Aécio sobre a falta de água em São Paulo. “Quem não planeja, candidato, não consegue enfrentar os desafios que ocorreram, principalmente em um governo.”

Aécio repassou a responsabilidade para o governo federal. “Certamente que houve [falta de planejamento], candidata, e segundo o TCU (Tribunal de Contas da União), do seu governo. Não é apenas em São Paulo, nós estamos tendo em toda região Sudeste a ausência de água e a senhora sabe muito bem, nós tivemos a maior crise hídrica dos últimos 80 anos. Falta de chuva. O governo de SP, diferente do governo federal, buscou fazer o que estava a suas mãos.”

Dilma respondeu que a responsabilidade sobre a água é do Estado. “Nós somos parceiros do projeto do São Lourenço, que é o único que o governo do Estado apresentou. Nós demos o dinheiro para fazer o projeto. E estamos financiando R$ 1,8 bilhão”. Em um momento de descontração, a presidente citou o humorista José Simão. “Eu vou concordar com o humorista José Simão. Vocês estão levando o Estado para ter um programa ‘Meu Banho Minha Vida’, é isso que vocês conseguiram”, disse.

O escândalo do mensalão foi lembrado por Aécio, que perguntou a Dilma se o ex-chefe da Casa Civil do primeiro governo de Lula (2003-2006), José Dirceu, foi punido adequedamente ou “é também um heroi nacional?”.

Na sua resposta, Dilma lembrou do mensalão do PSDB, ocorrido em 1998 em Minas Gerais, até hoje não foi julgado. “O senhor Eduardo Azeredo (ex-deputado e ex-governador mineiro pelo PSDB) pediu renúncia do seu cargo para o processo voltar para a primeira instância. Há uma diferença expressiva. Houve o julgamento do mensalão ligado ao meu partido. Ah, é necessário dizer que eles estão e foram condenados e foram para a cadeia. No entanto, o mensalão do seu partido, não teve nem condenados, nem punidos.”

Segurança pública

A segurança pública foi o tema predominante no quarto e último bloco do debate. Um eleitor indeciso perguntou a Dilma sobre o tráfico de drogas e perguntou qual a proposta para que ela melhorasse essa realidade.

Dilma afirmou que foram aplicados mais de R$ 17 bilhões no combate às drogas, ao crime organizado e ao tráfico de armas. Ela citou os centros de Comando e Controle criados na Copa do Mundo e disse que a experiência pode ser replicada em um eventual segundo governo. Aécio rebateu e afirmou que a adversária não executa os fundos aprovados pelo Congresso Nacional para a área.

Considerações finais de Aécio

Eu chego ao final dessa campanha de pé. Honrado pelas manifestações de carinho. Sou o candidato da mudança, essa que você e sua família querem ver no país, de valores, na eficiência do Estado. Estou extremamente honrado de ter visto uma confiança nova surgindo no país. Há 30 anos eu fiz essa mesma caminhada com meu avô Tancredo. Se eu merecer a sua confiança, esteja certo que subirei a rampa do Palácio do Planalto com a mesma força que ele. Eu falei a verdade e jamais perdi a minha fé.

Considerações finais de Dilma

O Brasil que nós estamos construindo é o da esperança, da solidariedade, das oportunidades, que valoriza o trabalho empreendedor, que quer crescer, que quer melhorar de vida e faz isso com muita auto-estima. É um país que cresce com um olhar especial para as mulheres, negros e jovens, é o Brasil da educação, da inovação e da ciência. É um Brasil que quer que todos cresçam com ele. Nós que lutamos tanto não vamos deixar que ninguém tire de você o que você conquistou. Não vamos permitir que isso volte atrás. Vamos garantir que haja um futuro de esperança.

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